domingo, 3 de fevereiro de 2008


VII ESTAÇÃO

JESUS CAI PELA SEGUNDA VEZ


V/. Nós vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos.
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.


Leitura:

Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, seguíamos cada qual nosso caminho; o Senhor fazia recair sobre ele o castigo das faltas de todos nós. Foi maltratado e resignou-se; não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro, e uma ovelha muda nas mãos do tosquiador (Is 53, 6-7).
O Senhor torna firmes os passos do homem e aprova os seus caminhos. Ainda que caia, não ficará prostrado, porque o Senhor o sustenta pela mão (Sl 36, 23-24).


Meditação:


Nada acontece a Jesus sem um profundo significado. Tudo n'Ele é simbólico e tem sua razão de ser. Essa segunda queda acentua ainda mais a noção de quanto pesam, sobre seus sagrados ombros, os nossos pecados.
Suas forças vão enfraquecendo a cada passo e, apesar do auxílio do Cireneu, a Cruz vai se tornando esmagadora. Quem, ao cair pela segunda vez naquelas circunstâncias, não se deixaria permanecer no solo? Teria chegado a oportunidade para desistir. Como eram suaves aquelas pedras do caminho em comparação com os sofrimentos que ainda viriam pela frente.
Ademais, quis Jesus mostrar-nos qual deve ser a extensão de nossa confiança, mesmo quando recaímos em nossas faltas. O Salvador está sempre disposto a nos perdoar e para isto é fundamental nunca desanimarmos. Tendo Ele assumido nossas culpas, jamais deixará de nos reerguer. Duvidar da misericórdia infinita de Deus, tão desejoso de nos perdoar e salvar, é uma ofensa ainda pior do que o próprio pecado, segundo ensina Santo Agostinho.

(Breve pausa para reflexão)


Oração:


Uma segunda queda, Ó Jesus! Vejo bem o quanto Vos pesam os meus crimes. As pedras do caminho são meus crimes. Certamente elas Vos prestaram algum apoio nesta aflição. Se elas fossem dotadas de inteligência e vontade, começariam a soluçar de compaixão por acompanharem de perto Vossos passos.
Ah, Senhor Jesus, compadecei-Vos de minha pobre alma! Tocai-a com a Vossa graça, concedendo-lhe uma viva experiência de Vossa dor. Que jamais eu me deixe levar pelo desânimo.
Pelos infinitos méritos dessa Vossa segunda queda, confirmai-me na Vossa graça, por Maria Santíssima eu Vo-lo imploro.


Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.

V/. Sagrado Coração de Jesus, vítima dos pecadores.
R/. Tende piedade de nós.
V/. Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos fiéis defuntos.
R/. Amém.

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VIII ESTAÇÃO

JESUS CONSOLA AS FILHAS DE JERUSALÉM


V/.
Nós vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos.
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.


Leitura:

Seguia-O uma grande multidão de povo e de mulheres que batiam no peito e O lamentavam. Voltando-Se para elas, Jesus disse: “Filhas de Jerusalém, não choreis sobre Mim, mas chorai sobre vós mesmas e sobre vossos filhos. Porque virão dias em que se dirá: Felizes as estéreis, os ventres que não geraram e os peitos que não amamentaram! Então dirão aos montes: Caí sobre nós! E aos outeiros: Cobri-nos! Porque, se eles fazem isto ao lenho verde, que acontecerá ao seco?” (Lc 23, 27-31).


Meditação:

Em Sua Via Sacra, rumo ao Calvário, uma grande multidão seguia Jesus. Porém, nem todos eram bons. Ali estavam, aqueles que haviam pedido Sua morte, ansiosos por assistirem a Seu último suspiro. Não se pode descartar a hipótese da presença de alguns homens bons e aflitos com o enorme crime que diante de seus olhos se desenrolava. Mas, também eles se mantinham na mesma inação covarde que levara os Apóstolos a abandonarem o Divino Mestre.
Somente as mulheres “batiam no peito e O lamentavam”. São elas mais sensíveis à contrição, à penitência e à compaixão. Sua comovida piedade as levava a sofrer com Jesus, o Bom Pastor, que havia feito o bem até com Sua sombra, por todos os lugares onde passara. Quantos beneficiados por Ele não estariam em meio à multidão...
Entretanto, a sentença já havia sido decretada. Os soldados romanos não tinham outra alternativa senão a de executá-la, e com a crueldade tão comum e freqüente com que eram tratados os prisioneiros naqueles tempos.
“... Se eles fazem isto ao lenho verde” – Jesus, a Inocência e a Santidade, com brutalidade máxima era conduzido pelos soldados romanos. “Que acontecerá ao lenho seco?” – qual seria a violência a ser empregada num futuro não muito distante, pelos mesmos romanos, contra o povo ali representado? A responsabilidade pelo pecado de deicídio pesava sobre todos, e por isso Jesus profetizou o castigo que cairia sobre os habitantes daquela cidade: “chorai sobre vós mesmas e sobre vossos filhos”.
Jesus, embora mergulhado nos tormentos da Paixão, caminhava para o triunfo do cumprimento de Sua missão. Seus sofrimentos eram uma nova coroa de glória, e por isso afirmou: “não choreis sobre Mim”. Na sua infinita justiça, Jesus advertia as mulheres da necessidade de repararem o pecado coletivo. Não bastava comoverem-se com a tragédia de um Deus injustiçado. Era indispensável aplacar a cólera divina contra a nação, pelo crime cometido.


(Breve pausa para reflexão)


Oração:

Ó Jesus, Senhor da Justiça que a todo bem premiais e a todo mal castigais, dai-me a graça de ter plena consciência de minhas loucuras, crimes e pecados, a fim de pedir-Vos perdão com sinceridade. Quanto mais profundamente eu reconhecer minhas faltas, melhor será meu arrependimento e ampla será a Vossa absolvição. Vejo agora com toda clareza o quanto tinha razão Santo Agostinho ao afirmar serem os pecados coletivos castigados nesta Terra. Compreendo quanto devemos repará-los a fim de se evitar a santa ira de Deus.
Não quero deixar de Vos confessar, Senhor, todo o horror que penetrou em minha alma diante de tanta covardia. Ninguém para Vos defender! Dai-me, Senhor, a graça de jamais ter vergonha de defender Vossa honra. E Vos peço perdão por todas as minhas infidelidades nesta matéria.

Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.


V/. Sagrado Coração de Jesus, vítima dos pecadores.
R/. Tende piedade de nós.
V/. Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos fiéis defuntos.
R/. Amém.

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IX ESTAÇÃO

JESUS CAI PELA TERCEIRA VEZ


V/. Nós vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos.
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.


Leitura:

Mas aprouve ao Senhor esmaga-lo pelo sofrimento. Era desprezado, era a escória da humanidade, homem das dores, experimentado nos padecimentos. Como aqueles diante dos quais se cobre o rosto, era amaldiçoado e não fazíamos caso dele (Is 53, 2,10).
Também Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo para que sigais os Seus passos. Carregou os nossos pecados em Seu corpo sobre o madeiro para que, mortos aos nossos pecados, vivamos para a justiça (I Pe 2, 21,24).


Meditação:

Eu sou a luz do mundo; aquele que Me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12).
Aí está, diante de meus olhos e sob o peso da cruz, a luz do mundo caída ao chão pela terceira vez. Cruz essa, símbolo de meus pecados, banhada já pelo preciosíssimo e adorável Sangue do Redentor.
Várias incógnitas cercam essa terceira queda de Jesus. De que apoio servia o Cireneu para carregar a Cruz? Por que não tomou ele sobre seus ombros a parte mais pesada? Se os soldados haviam já decidido convocar compulsoriamente o Cireneu, não lhes faltava compreensão para perceber o estado de esgotamento de sua vítima. Por que lhe exigem continuar a caminhada?
Uma vez mais, imagem de nossa miséria. Assim somos nós. Os nossos melhores atos de virtude vêm sempre embebidos das falhas que tanto atormentam a delicada e sensível consciência dos santos. “Afinal, não pecarei mais”, foi o último gemido lançado por São Luís Grignion de Montfort, antes de expirar. Por isso me pergunto diante desta cena: se eu fosse o Cireneu, teria procedido de outra forma? Quantas e quantas vezes não fui relaxado no cumprimento de meus deveres, na prática da virtude, no evitar as ocasiões que me levam ao pecado... Como estou longe da perfeição, deixando Jesus ser quase esmagado sob o peso da Cruz, sem me preocupar em ajudá-Lo!
Por outro lado, Jesus me repete: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6). Ele me dá o divino exemplo: não devo me apoiar nas inconsistentes promessas humanas; só no sobrenatural está o meu amparo e proteção. Nem o ressentimento pode ser a minha lei. Se me abandonam ou me perseguem, e caio sob o madeiro das decepções, jamais o desânimo me abaterá, desde que siga o exemplo de meu Divino Mestre: retomar a cruz e chegar ao fim.
Sempre há mais para dar, mesmo quando o fôlego parece já não existir. Essa é também umas das lições contidas nesta Estação.


(Breve pausa para reflexão)


Oração:

Ó meu Jesus, perdão! Perdão por sobrecarregar Vossos sagrados ombros com o peso de meus pecados. Como esgotam eles Vossas forças por causa de seu número e gravidade!
Perdão por ser relaxado no cumprimento de meu dever. Sei bem que não sendo perfeito como nosso Pai celeste é perfeito, torno ainda mais pesada a Vossa cruz. Sou eu também a causa desta Vossa terceira queda.
Eu Vos agradeço o exemplo de generosidade e entrega total que neste passo da Paixão me dais e Vos rogo graças eficazes para Vos servir continuamente com amor desinteressado e ânimo forte.

Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.

V/. Sagrado Coração de Jesus, vítima dos pecadores.
R/. Tende piedade de nós.
V/. Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos fiéis defuntos.
R/. Amém.

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X ESTAÇÃO

JESUS É DESPOJADO DE SUAS VESTES

V/.
Nós vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos.
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.


Leitura:

Tomaram as Suas vestes e fizeram dela quatro partes, uma para cada soldado. A túnica, porém, toda tecida de alto a baixo, não tinha costura. Disseram, pois, uns aos outros: “Não a rasguemos, mas deitemos sorte sobre ela para ver de quem será”. Assim se cumpria a Escritura: Repartiram entre si as Minhas vestes e deitaram sorte sobre minha túnica (Jo 19, 23-24).


Meditação:

Quem poderia imaginar tão grande humilhação? Jesus, o próprio criador do pudor e deste dotado no grau mais perfeito, é despojado de Suas vestes diante de toda aquela gente. Talvez para reparar a imoralidade e falta de modéstia dos trajes de épocas futuras. De modas que receberiam a grave censura de Nossa Senhora em Fátima.
Quatro soldados disputaram a pouca herança da Divina Vítima. A pobreza d'Aquele Deus era tal que, à hora de Sua morte, não Lhe restava senão a roupa com a qual estava vestido. Nova lição para mim, que sou dominado pela mania de juntar tesouros neste mundo.
Sobre a túnica decidiram jogar a sorte, por concluírem os soldados tratar-se de uma peça de elevado valor, pois não tinha uma só costura de alto a baixo. Era tecida com arte requintada. Quem a fizera? Maria Santíssima, Sua Mãe! A missão salvífica e universal de Jesus se representa assim neste passo, pois Ele, que era pobre, usava no entanto uma veste preciosa, simbolizando através desses extremos harmônicos que veio salvar pobres e ricos.
Quatro são os cantos da terra e em quatro se repartem os Seus pertences. É um belíssimo símbolo da expansão da mais alta das obras de Jesus, a Santa Igreja que tomaria conta da extensão do mundo.
Por outro lado, a Santa Igreja é simbolizada em sua unidade perfeita pela túnica sem costura. Ela reclama uma união total entre todos os seus fiéis, não comportando a menor divisão.
E qual o significado da sorte lançada sobre a túnica? É a figura da graça divina, segundo Santo Agostinho, pois os planos misteriosos de Deus estão muito acima dos méritos humanos. Tudo é decidido por Ele.


(Breve pausa para reflexão)

Oração:


Ó
meu Jesus, mais uma vez, perdão! Qual não será a gravidade da minha culpa neste momento tão angustiante de Vossa Paixão? De quantas vezes me acusará minha consciência da falta de pudor? Não terei eu ofendido a modéstia, fazendo uso de trajes indignos de um cristão?
Perdão, Jesus! E ao mesmo tempo assisti-me com Vossa santa graça a fim de eu respeitar com delicadeza de consciência a Vossa Lei.
Que eu ame a unidade de Vossa Santa Igreja e batalhe por sua expansão no mundo inteiro, jamais fazendo acepção de pessoas nessa tarefa, para ajudar-Vos a salvar pobres, ricos, ou qualquer classe de almas.

Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.

V/. Sagrado Coração de Jesus, vítima dos pecadores.
R/. Tende piedade de nós.
V/. Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos fiéis defuntos.
R/. Amém.

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