terça-feira, 5 de fevereiro de 2008




VIA SACRA


- São Paulo -
Março 2001



ORAÇÃO INICIAL



Sem Mim nada podeis fazer” (Jo 15,5).

Ó meu Jesus, sem Vós nada posso fazer, meus méritos são nulos; minha inteligência, turva; minha vontade, enferma; meus sentimentos, enlouquecidos.

“Tudo posso n'Aquele que me conforta” (Fl 4,13), em união convosco, sou capaz das mais ousadas virtudes, minha alma voa. Vós sois a fonte de todo o bem existente em mim.

Preparo-me neste instante para acompanhar-Vos em Vossa Via Sacra. Nela eu Vos encontrarei chagado, sem forças e ensanguentado: “Eu, porém, sou um verme, não sou homem, o opróbrio de todos e a abjeção da plebe” (Sl 21,7). Forte expressão usa a Escritura ao referir-se à Vossa Paixão. “Transpassaram minhas mãos e meus pés: poderia contar todos os meus ossos” (Sl 21,17-18). Muito diferente está Vossa Divina figura d'Aquela que os Apóstolos contemplaram no Tabor, ou caminhando sobre as águas, ou curando os enfermos. Nessa divina tragédia verei estampada a feiúra e a maldade de meus pecados. A enorme quantidade de minhas faltas me confundirá de começo ao fim. Vós Vos tornastes um verme, foi possível contar Vossos ossos, morrestes por causa de meus pecados. “Ó vós todos, que passais pelo caminho: olhai e julgai se existe dor igual à dor que me atormenta” (Lm 1, 12).

Ah! Senhor Jesus, perdão! Começo por Vos pedir perdão por tanta miséria e pela enorme culpa que tenho em Vossos tormentos!

Por outro lado, Vós me convidais neste ato a seguir os Vossos passos: “Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de Mim” (Mt 10,38).

Senhor! Quero não só ser digno de Vós como, muito mais, desejo ser Vosso e como Vós. Aceitai meu ser com tudo o que lhe é próprio, meus bens materiais e sobrenaturais, de agora e do futuro. Tudo Vos entrego, Senhor! E que corresponda eu às múltiplas graças que receberei durante este elevado exercício de piedade. Convertei-me, atraí-me inteiramente a Vós.

Para isto eu Vos peço a intercessão da Virgem Dolorosa. Que Ela me cubra com seu maternal manto, auxiliando-me a unir-me a Vós e também a abraçar a minha cruz. Amém.



I ESTAÇÃO


JESUS É CONDENADO À MORTE


V/. Nós Vos adoramos, ó Cristo, e Vos bendizemos.
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.


Leitura:



Pilatos tornou a entrar no pretório, chamou Jesus e disse-Lhe: “Tu és o rei dos judeus?” Jesus respondeu-lhe: “É por ti mesmo que dizes isso, ou disseram-to outros de Mim?” Pilatos respondeu: “Porventura sou eu judeu? A Tua nação e os sumos sacerdotes é que Te entregaram a mim: Que fizeste?” Jesus respondeu: “O Meu Reino não é deste mundo: se o Meu Reino fosse deste mundo, pelejariam os Meus servos, para que Eu não fosse entregue aos judeus; mas o Meu Reino não é daqui”. Disse-lhe Pilatos: “Logo Tu és rei?” Jesus retorquiu: “Tu o dizes! Eu sou Rei! Para isto nasci, e para isto vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a Minha voz” (Jo 18,33-37).
Pilatos viu que nada adiantava, mas que, ao contrário, o tumulto crescia. Fez com que lhe trouxessem água, lavou as mãos diante do povo e disse: “Sou inocente do sangue deste homem. Isto é lá convosco!” E todo o povo respondeu: “Caia sobre nós o seu sangue e sobre nossos filhos!” Libertou então Barrabás, mandou açoitar Jesus e lho entregou para ser crucificado (Mt 27,24-26).


Meditação:


Jesus não nega Sua condição de Rei, nem sequer descarta a hipótese de estender a toda Terra Seu império. Ao afirmar não ser o Seu reino deste mundo, não deixa de querer ser o rei de nossos corações. Ele irá Se entregar nas mãos dos carrascos por amor a nós; neste momento de Sua prisão, não devemos oferecer-Lhe nossos corações?
Jesus, Rei de meu coração, significa submeter-Lhe minha vontade, meu querer. Eu não devo estimar nada nem a ninguém, acima de Jesus. Para Ele, toda minha admiração e fervor.
Não quero ser neutro face a esse profundo desejo de Jesus. Essa foi a grande falta cometida por Pilatos: a neutralidade diante de um apelo divino e de uma criminosa acusação. Se eu não entregar meu coração a Jesus, já na primeira Estação desta Via Sacra, no momento de Sua prisão, eu serei outro Pilatos: “Fez com que lhe trouxessem água, lavou as mãos diante do povo e disse: ‘sou inocente do sangue deste homem. Isto é lá convosco!’ E todo o povo respondeu: ‘caia sobe nós o seu sangue e sobre nossos filhos!’ Libertou então Barrabás, mandou açoitar Jesus e Lho entregou para ser crucificado” (Mt 27,24-26).
Jesus está a implorar meu coração neste passo da Paixão, Ele quer a minha santificação.


(Breve pausa para reflexão)


Oração:


Ó
meu adorável Jesus, comove-me ver-Vos preso, condenado à morte e considerado como inferior a Barrabás. Vejo o enorme peso de meus pecados no ódio dos que Vos rejeitam. Aceitai, Senhor, meu pobre coração e assumi-o como Rei e Senhor absoluto. Estou seguro de que se assim o fizerdes, jamais Vos ofenderei.

Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória

V/. Sagrado Coração de Jesus, vítima dos pecadores.
R/. Tende piedade de nós.
V/. Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos fiéis defuntos.
R/. Amém.

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II ESTAÇÃO

JESUS CARREGA A CRUZ ÀS COSTAS



V/. Nós Vos adoramos , ó Cristo, e Vos bendizemos.
R/. Porque pela Vossa Santa Cruz remistes o mundo.



Leitura:


Levaram então consigo Jesus. Ele próprio carregava a Sua Cruz para fora da cidade, em direção ao lugar chamado Calvário, em hebraico Gólgota (Jo 19,17).
Em verdade, ele tomou sobre si nossas enfermidades, e carregou os nossos sofrimentos: e nós o reputávamos como um castigado, ferido por Deus e humilhado (Is 53,4).


Meditação:


Jamais um romano poderia ser condenado à morte de crucifixão, por ser símbolo máximo de desonra reservada aos piores criminosos. O sinal da vergonha por excelência foi abraçado por Jesus, “Ele próprio carregava a sua Cruz...”
Bem se poderia ver naquela Cruz a imagem de nossos pecados. “Quem pode, entretanto, ver as próprias faltas?” (Sl 18,13). Quem entenderá o pecado? Este é o pior de todos os males, o ato de maior oposição a Deus. Naquela cruz estavam todos os meus pecados. Entretanto, o Divino Redentor é Rei tão grandioso que transformará a cruz em objeto de elevada nobreza e distinção. Ela será colocada no alto das fachadas das igrejas, nas coroas dos reis e será a paixão dos santos.
Que devo eu oferecer a Jesus neste momento em que O vejo beijar a Cruz?


(Breve pausa para reflexão)


Oração:


Ó
Jesus meu! Ao ver-Vos ajoelhado para abraçar a Cruz, lanço-me a Vossos pés contrito e humilhado. Quantas e inúmeras vezes Vos ofendi! Eu me transformei no horror do universo inteiro, em todas as ocasiões que pequei contra Vós. Perdão, Senhor, perdão! Consumi todas as minhas culpas na Vossa infinita misericórdia e transformai-as em mais uma coroa de Vossa glória.

Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória

V/. Sagrado Coração de Jesus, vítima dos pecadores.
R/. Tende piedade de nós.
V/. Pela misericórdia de Deus descansem em paz as almas dos fiéis defuntos.
R/. Amém.

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